"Nenhum departamento sofreu tantas
alterações nos últimos anos do que a Mídia". "O profissional
de Mídia de hoje é completamente diferente do passado". "O
mercado exige um novo perfil".
Essas são algumas frases com as quais os mídias
convivem todos os dias como verdades absolutas. E de fato
são. Um Mídia hoje que não sabe o que é uma DSP, não analisa o ROI,
não tem conhecimentos de BI, de programação, Real Time Bidding e vários outros
assuntos, de fato precisa se reciclar.
Mas o ponto é que um Mídia sempre foi acostumado
a essa sopa de letrinhas e termos técnicos complicados.
No passado, tinham suas mesas cobertas por
incontáveis livros do Ibope e do Nielsen que eram manuseados diariamente para
interpretação de dados, exigindo cálculos complexos na busca da mais assertiva
programação. GRP, TRP, CPP, CPM... tudo já existia há muitos anos. E
quantas análises estatísticas ainda sem Excel!
Com a informatização, a vida ficou mais
fácil. Surgiram os sistemas integrados de mídia que possibilitavam
planejar, comprar, otimizar e faturar toda uma campanha. Tudo pronto num clique.
Nesse período, alguns visionários
alertaram: "O profissional de mídia
mudou". "O mercado precisa de novas
cabeças". E a Mídia de fato mudou. Tornou-se um
pouco TI.
Um outro movimento foi a incorporação do
departamento de mídia pelos anunciantes, que criaram equipes inteiras para
interpretar os dados que vinham das agências com demasiada sofisticação de
detalhes. As demandas mudaram. Os clientes estariam mais
preparados para travar uma rica discussão técnica, incorporando resultados de vendas
e performance de campanhas. Sim, o Mídia
se reinventou mais uma vez. Ele saiu dos bastidores da agência para
assumir papéis relevantes nas tomadas de decisão. Dessa vez,
adquiriu conhecimentos de Gestão e Marketing.
Estatístico, TI, Gestor ou Marketeiro, o
professional de Mídia é sobretudo um excelente observador do comportamento
humano. Não são eles que mudam o tempo todo. São as pessoas. E um bom mídia
saberá sempre interpreter esses movimentos e identificar os desejos de seu público
em qualquer geração. Ele está sempre atento aos
sinais. Pode ser uma programação de TV, um evento, um drone, um game.
O que tem mudado é a forma de acesso aos mesmos dados e as relações entre
clientes e marcas. Antes com papéis, hoje com dashboards.
Alguns enxergam uma mudança
completa. Outros, como eu, enxergam ciclos. A tecnologia
tem possibilitado ricas análises totalmente automatizadas e em tempo
real.
A tomada de decisão porém depende de um olhar
atento. Exige experiência. Exige a bagagem histórica que permite
trabalhos mais densos e planejamentos mais elaborados. Imagine a
irresponsabilidade de ter profissionais totalmente novos a cada mudança!
Novos players de comunicação surgem e se
incorporam aos anteriores. Que bom que
temos profissionais atentos e preparados.
Somos mídias novos e velhos. Somos acima
de tudo aqueles que fazem a diferença num planejamento
estratégico. Aqueles que tornam públicas as ideias
brilhantes. E também somos os mais acostumados a variações de
cenário. O fato de estar sempre "work in progress" é o que
nos define.
Para nós, profissionais de mídia, mudar é o que
nos mantém no jogo. Foi assim no passado, está sendo hoje e será
assim no futuro. Não estamos mudando. Estamos sendo apenas mídias. Como sempre.