segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"Não somos mulheres"

Uma das frases mais infelizes que li nos últimos tempos foi a citação do ditador Kadafi em alusão ao fato de não ser covarde e de não se render.
Tamanha ignorância é compreensível. Certamente, enquanto ele se concentrava em suas falcatruas, desrespeito ao seu próprio povo e as mais diversas atrocidades sociais, é possível que não tenha tido tempo para acompanhar a história contemporânea.
Mas acho que posso ajudar com algumas informações. A participação feminina tem apontado um crescimento exponencial em todas as esferas da economia. Mesmo as profissões mais “braçais”, hoje já contam com uma parcela de mulheres atuantes. E são também elas que lotam as universidades, num percentual bem acima dos homens. No mercado de trabalho ganham força, alcançam posições de poder e não se intimidam por acumularem funções domésticas, educação dos filhos e até o sustento do lar.
Além de todas essas tarefas, ainda são amáveis, sensíveis, sabem liderar equipes de forma muito eficaz. Preocupam-se com seu corpo, sua saúde, lotam as academias e buscam os mais modernos tratamentos de beleza. Sim, hoje as mulheres de 40 são bonitas, saradas e jovens. E não apenas isso. Sabem o que querem, tem conteúdo.
Mas o nosso querido Kadafi, em seu mundinho tão limitado, talvez não tenha acesso a tantas informações.
Sexo frágil? Que coisa mais antiga! Será que o Sr Kadafi esqueceu quem o carregou na barriga por nove meses, sentiu as dores do parto, enjoou, amamentou, educou e o fez crescer? E será que ele também não se lembra da atleta Gabriela Anderson-Schiess, nas olimpíadas de LA em 1984? Um dos maiores espetáculos de superação em toda a história do esporte.
Quem são aquelas pessoas que agüentam caladas o desprezo de um filho, de um marido, só por amor? Que se omitem por toda uma vida apenas para manter a paz no lar. Que são capazes de morrer ou matar para salvar seus entes queridos. Que passam incansáveis horas com seus bebês no colo, com cólicas durante a noite inteira... e ainda saem pra trabalhar exaustas no dia seguinte, sem reclamar.
É claro que o Sr.Kadafi não conhece e nunca conhecerá esse lado feminino, porque a sua mesquinhez de caráter nunca permitiu que ele se aproximasse de um sentimento tão nobre e de uma força emocional tão intensa. Uma pena que ele nunca irá descobrir que o sentimento mais potente e mobilizador da vida é o amor.
É, não tenho dúvidas. Ele não poderia mesmo ter nascido mulher.



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